São Tomé possui uma herança cultural rica e variada, resultado das diversas influências dos povos que se instalaram neste território. Essa encruzilhada cultural originou uma ampla variedade de manifestações em áreas como a música, a dança, o artesanato, os costumes e a gastronomia, que refletem o cruzamento entre tradições africanas e europeias. Destacam-se a puita, a dança Congo, o quiná, o tafua, o ussuá e o socopé. O Tchiloli, candidato ao reconhecimento pela UNESCO como Património Cultural Imaterial, é uma expressão artística de teatro, música e dança que remonta ao século XVI, sendo inspirada na Tragédia do Marquês de Mântua e do Imperador Carloto Magno. A diversidade linguística do arquipélago reflete o processo de povoamento e o peso da mão-de-obra oriunda de diferentes regiões africanas, trazida à força ou contratada para trabalhar nas roças. O português, língua oficial e materna de grande parte da população, serviu de base ao desenvolvimento dos crioulos lunga santomé ou forro (em São Tomé) e lunguyê (no Príncipe). Com estas línguas convivem ainda o crioulo cabo-verdiano e o angolar, o último falado pela comunidade Angolar, situada no sul de São Tomé. As roças, além do valor arquitetónico, constituem um dos mais profundos legados históricos do país. O Museu Nacional de São Tomé e Príncipe, fundado em 1976, divulga a história do arquipélago, evidenciando a forma como esta moldou a identidade cultural da ilha. Entre as datas mais significativas, destaca-se o Dia dos Mártires, feriado nacional assinalado a 3 de fevereiro, em memória das vítimas do Massacre de Batepá (1953). Este episódio, marcado pela violência do colonialismo português, é considerado fundador do nacionalismo santomense. A condição insular e a proximidade com uma Natureza exuberante ditaram a relação das comunidades com o meio e os seus recursos. A madeira é utilizada na construção e no artesanato, enquanto inúmeras espécies de plantas são aplicadas em preparações tradicionais de uso terapêutico muito variado, assentes em conhecimentos transmitidos oralmente ao longo de gerações. A gastronomia reflete igualmente o aproveitamento dos recursos locais, incluindo peixe, marisco, feijão, milho, mandioca, banana cozida e diversas frutas tropicais, como banana, manga, jaca, fruta-pão e óssame. Pratos emblemáticos, como a cachupa e o calulu, ilustram a partilha de influências entre diferentes culturas africanas.